17 de outubro de 2012

368.ª Feira Anual e o 21.º aniversário de elevação a vila Vila de Pereira

A vila de Pereira vai estar em festa no próximo fim-de-semana. Por ocasião da 368.ª edição da sua feira anual, a Junta de Freguesia promove as comemorações do 21.º aniversário da elevação de Pereira a vila, e, oferecendo um programa “ao gosto popular”, vai privilegiar os doces conventuais, o artesanato e o convívio.


Vinte e um anos depois da (re)elevação a vila (Lei n.º 79/91, de 16 de Agosto), estatuto que “perdeu” em 1836, na sequência do decreto de extinção da sua municipalidade, a autarquia vai assinalar a efeméride com uma festa que procura envolver toda a população. Para além das cerimónias evocativas deste acontecimento, a Junta de Freguesia promove também um programa diversificado que, além da animação popular, pretende destacar e promover alguns dos produtos mais característicos da freguesia, como o artesanato e as famosas queijadas de Pereira.


O início das festas da vila de Pereira está marcado para sábado próximo, às 16h00, no Pavilhão Gimnodesportivo da ACDRP, com a abertura oficial da feira do “artesanato e doçaria conventual”, seguindo-se a exibição da cultura popular com a atuação, pelas 17h00, do Grupo Folclórico da vila de Pereira e à noite atuação do Grupo de Cordas Castiças. Ainda no pavilhão, no domingo, a partir das 16h00, continua a feira do “artesanato e doçaria conventual” e baile com o grupo “Oásis”.

A festa maior tem lugar no dia 21, com a abertura, pela manhã, da Feira Anual, no Largo da Cheira, e a realização da sessão comemorativa do 21.º aniversário de elevação a vila, pelas 11h30, no Celeiro dos Duques de Aveiro, que, além das alocuções alusivas à efeméride, inclui uma homenagem ao eng. António da Costa Góis.

Este ano, a realização da Feira Anual da Vila de Pereira coincide com o dia que lhe foi outorgado por alvará régio de D. João IV, ou seja 21 de Outubro, dia em que a Igreja soleniza as Onze Mil Virgens e Santa Úrsula. De facto, à semelhança das feiras medievais, que se faziam em quadras relacionadas com as festas religiosas, para a realização da Feira Anual da Vila de Pereira, criada em plena Idade Moderna, foi designado um dia de celebração religiosa, provavelmente muito festejado pela população da vila, uma vez que o primeiro certame teria ocorrido no dia consagrado às Onze Mil Virgens, nesse longínquo ano de 1644, uma sexta-feira, dia 21 de outubro. Este dia também poderia ser “feriado municipal”. É que, à época, a vila de Pereira era sede de um próspero concelho, que havia usufruído de um primeiro foral a 12 de novembro de 1282, concedido por D. Dinis e um segundo outorgado por D. Manuel I, em 1513, cujos “500 anos do Foral Manuelino” se celebram no próximo ano.
Ainda sem uma firme certeza sobre estas conjeturas, sabe-se, todavia, pelo alvará régio, que El-Rei D. João IV “(…) havendo respeito ao que se me representou por parte do Juiz, Vereadores e Procurador da Vila de Pereira, sobre pedirem se faça nesta uma Feira cada anno em dia das Onze Mil Virgens e ser em utilidade dos moradores da dita Vila, para com mais comodidade venderem os seus fructos”, decretou, em 22 de setembro de 1644 “hei por bem conceder-lhes licença para que se faça a dita Feira em cada anno, no mesmo dia das Onze Mil Virgens, pagando-se nella os direitos devidos á minha fazenda (…)”. Esta feira anual, que vai na 368.ª edição, olvidando algum interregno que tenha ocorrido, teria inspirado o epíteto de “feira das comedeiras”, como ainda hoje é conhecida, em que as pessoas aproveitavam este certame para comprar as “comedeirices” para a festa do Natal, como os doces, as nozes, os pinhões e as passas. 
Como noutras feiras, o encontro de mercadores e compradores tinha por objetivo escoar a produção agrícola, principalmente cereais, frutos secos, leguminosas, azeite e vinho, aves e gado, assim como alfaias agrícolas, olaria e vestuário, além do artesanato e doçaria tradicional.

Texto de Aldo Aveiro - Vila de Pereira