24 de maio de 2011

Prepare as suas finanças para a ajuda externa

Se a história do resgate financeiro da economia portuguesa for semelhante à que aconteceu na Grécia e Irlanda, as famílias podem esperar tempos de austeridade nos próximos meses. Por isso, nada melhor do que estabelecer desde já as suas metas de rigor. Porquê? Porque dizem os casos de ajuda externa que têm acontecido na União Europeia que o recurso ao Fundo de Estabilização acarreta medidas que empobrecem o seu orçamento familiar.


Caso a situação se repita agora em Portugal, o país e a carteira dos portugueses poderia ser afectada das seguintes formas:


Subida de impostos

No caso da Grécia, a subida do IVA fez-se numa primeira fase dos 21 para os 23 por cento e dos 10 para os 11 por cento, mas no Orçamento do Estado para 2011, constava a medida de passar o IVA dos 11 para os 13 por cento e dos 5,5 para os 6,5 por cento. Em Portugal já se ouvem há algum tempo vozes que defendem a passagem dos 23 para os 25 por cento.

Os impostos ligados ao tabaco, alcóol e combustíveis também subiram na Grécia. Numa altura em que o preço da gasolina já bateu os máximos de 2008, poderá tornar-se muito penoso utilizar o carro ou pagar vícios.


Cortes de salários

Em Portugal, os funcionários públicos com remunerações brutas acima dos 1500 euros já foram chamados a cortar salários entre os 3,5 e os 10 por cento, mas na Grécia a mexida fez-se nos subsídios de Natal, férias e Páscoa, com uma redução nominal que chegou aos 7 por cento. Além disso, em concertação os gregos chegaram a acordo para o congelamento de salários em 2010 e para um aumento inferior a 1% nos anos de 2011 e 2012.


Corte de pensões

O corte de pensões foi anunciado pouco depois do pedido de ajuda na Grécia, medidas que o Governo português se preparava para introduzir com o famoso PEC (Programa de Estabilidade e Crescimento) 4.

Em Portugal, o que parecia estar na mesa até ao pedido de ajuda externa era a opção entre a subida do IVA e o corte ou congelamento de pensões. O governo grego realizou um corte em Maio de quase 9% do valor das pensões nominais, através da redução dos 13º e 14º meses. Além disso, congelou as reformas entre 2011 e 2013, reafectando recursos das reformas acima dos 1400 euros para as mais baixas, através de um imposto mensal.


Reforma do mercado de trabalho

Em Portugal, a concertação laboral tem anunciado alguns acordos no que diz respeito às reduções de indemnizações do trabalhador no momento do despedimento, mas o que os países ajudados externamente viveram vai bem mais além. Além destas medidas, foram tomadas medidas que agilizavam o despedimento colectivo, especialmente em empresas de grande dimensão e que aumentavam o período experimental dos contratos de trabalho para 1 ano.


Reforma do sistema de pensões

Não são muito antigas as mexidas do executivo português para dar maior sustentabilidade ao sistema de pensões, mas os países resgatados normalmente vêem a idade legal da reforma subir, a idade da reforma antecipada (55 anos em Portugal) aumentada e são exigidos mais anos de trabalho para ter direito a uma pensão de velhice. Outra das medidas que alguns países já viram implementada juntamente com a ajuda externa foi o reforço da penalização das reformas antecipadas.


Reforma da administração pública

Em Portugal já existem medidas de contenção e até congelamento na contratação pública, mas na Grécia o que vigora agora é a política de 1 novo funcionário por cada 5 que deixam a administração, além de existirem medidas de corte dos contratados a prazo.

O que pode fazer para preparar as suas finanças

Antes de mais, os princípios básicos de finanças saudáveis devem prevalecer e vigorar ainda com maior rigor:


Fazer um orçamento familiar

Fazer um orçamento para saber onde anda a gastar o seu dinheiro e segui-lo rigidamente é o ponto de partida.


Manter um fundo de resgate pessoal

Assim como existem os fundos de resgate às economias, deverá ter o seu pé-de-meia para não entrar em ruptura financeira. Mantenha de parte uma quantia num fundo de emergência que permite cobrir as suas despesas fixas durante um período de 6 meses.


Traçar metas de poupança ou de corte

Sabendo para onde vai o seu dinheiro, sabe onde pode cortar e poupar mais um pouco. Se a situação das suas finanças pessoais piorar por causa das condições económicas do país vai poder aguentar o impacto com maior folga.


Equacionar soluções seguras

Numa altura de grande agitação política e financeira em Portugal, os abrigos seguros são fundamentais. Se não tem grande capacidade de poupança e não quer entrar em aventuras com o seu dinheiro os depósitos a prazo e as contas poupança são os locais que deve equacionar para o seu aforro.


In site "Saldo Positivo"