27 de maio de 2011

Construção sustentável - É construir com racionalidade

Construir com sustentabilidade é construir com racionalidade, tendo em vista a minimização dos impactes ecológicos que prejudicam a biodiversidade.
Este objectivo concretiza-se com o planeamento partilhado, com a utilização racional dos materiais, com o respeito pelos ciclos naturais do ar e da água, com o recurso a estratégias passivas de produção de energia e com a gestão e reciclagem de lixos.
Afinal o que entendemos por construção sustentável!? A definição mais aceite internacionalmente foi a apresentada por Charles Kibert em 1994, que define Construção Sustentável como a "criação e gestão responsável de um ambiente construído saudável, tendo em consideração os princípios ecológicos e a utilização eficiente dos recursos".
Para responder à necessidade de por em prática o conceito de sustentabilidade têm sido desenvolvidos e aplicados, a nível internacional (desde a segunda metade da década de 1980), vários sistemas para avaliação do desempenho ambiental dos edifícios, por exemplo:

Reino Unido - BREEAM (Building Research Establishment Environmental Assessment Method)
Estados Unidos da América - LEEDTM (Leadership in Energy and Environment Design)
Japão - CASBEE (Comprehensive Assessment System for Built Environment Efficiency)
Canadá - SBTool (Sustainable Building Tool) desenvolvido pelo iiSBE (International Initiative for a Sustainable Built Environment)

Estes e outros métodos têm em vista reconhecer a sustentabilidade dos edifícios e meio construído.

Em Portugal
 Para além dos métodos atrás referidos que podem ser aplicados em Portugal com as devidas adaptações, existem pelo menos dois cujas características foram ajustadas à realidade portuguesa: o LiderA e o SBToolPT.


LiderA

No Instituto Superior Técnico, foi desenvolvido um sistema de apoio e avaliação da construção sustentável (Pinheiro et al., 2002; Pinheiro, 2004; Pinheiro e Correia, 2005; Pinheiro, 2006) denominado LiderA.
O LiderA é um sistema voluntário de apoio ao desenvolvimento de soluções e avaliação da sustentabilidade da construção, que atribui, em caso de desempenho comprovado, uma certificação pela marca portuguesa LiderA - Sistema de Avaliação da Sustentabilidade.
O sistema classifica o desempenho de G a A (até A+++), sendo que o nível E representa a prática actual (ou de referência) e o nível A corresponde, em muitos critérios, a um desempenho cerca de 50% superior ao nível E.
 O sistema assenta num conjunto de seis princípios de bom desempenho ambiental (integração local, recursos, cargas ambientais, conforto ambiental, vivência socio-económica e uso sustentável), traduzidos em 22 áreas e 43 critérios, nos quais se avalia os ambientes construídos em função do seu desempenho, no caminho para a sustentabilidade.

SBToolPT

O SBTooLPT é uma ferramenta que permite o reconhecimento, a avaliação e a certificação da sustentabilidade de edifícios.
A metodologia implementada na ferramenta SBTooLPT baseia-se na ferramenta internacional SBTooL (Sustainable Building Tool). O SBTooL é um sistema internacional, voluntário, de avaliação e reconhecimento da sustentabilidade de edifícios tendo sido desenvolvido pela associação sem fins lucrativos iiSBE (International Initiative for the Sustainable Built Environment) e tendo resultado da colaboração em consórcio de equipas de mais de 20 países (Europa, Ásia e América)
Este processo foi conduzido pela Associação iiSBE Portugal (em colaboração com o LFTC-Universidade do Minho e a ECOCHOICE.
O sistema SBToolPT está dividido em três dimensões (ambiental, social e económica) que englobam nove categorias e 30 parâmetros.
No caso da dimensão ambiental, estão englobadas as categorias: alterações climáticas e qualidade do ar exterior; biodiversidade, energia, utilização de materiais e produção de resíduos sólidos e consumo de água e efluentes.
Na dimensão social: o conforto e saúde dos ocupantes, bem como a acessibilidade e a sensibilidade e educação para a sustentabilidade.
 A dimensão económica envolve a avaliação dos custos de ciclo de vida dos edifícios (custo inicial e custos de operação).
 Os valores normalizados da avaliação são convertidos numa escala, de A+ a E, sendo que a melhor prática será A ou A+ e a prática convencional representada pela letra D.

Desenvolvimentos futuros
O CEN (Centro Europeu de Normalização) criou o Comité Técnico 350 (CEN/TC 350) que se encontra a preparar um conjunto de normas que levarão a uma uniformidade na aplicação de critérios e a possibilidade de comparação de resultados obtidos a partir dos diferentes métodos de avaliação da sustentabilidade. Isto, se estes adoptarem a futura normalização como referencial.